Pintura De Portugal
A escassez de relíquias pictóricas em Portugal anteriores ao século XV levou à formação de uma crença de que neste país a pintura floresceu somente a partir da Renascença. Mas a ausência de exemplos concretos não significa, porém, que as sociedades locais de tempos remotos, precursoras da formação do atual Estado português, não praticassem esta arte e, ao contrário do que usualmente se supõe, a pintura de Portugal tem uma tradição antiquíssima. Infelizmente, por circunstâncias diversas, a maioria das obras produzidas até meados do período Gótico desapareceu, e as poucas que asobrevivem são por isso mesmo de extraordinária preciosidade, sendo os únicos testemunhos de uma linhagem artística que data da Pré-história. A partir do Renascimento, de fato, coincidindo com a fase dos descobrimentos e do estabelecimento de diversas colônias além-mar, as grandes riquezas que passaram a afluir para a metrópole serviram como poderoso estímulo para a intensificação do intercâmbio cultural e comercial com o restante da Europa e para um desenvolvimento acelerado e importante em todas as artes, beneficiando-se logicamente a pintura desse novo contexto. Desde lá a história da pintura em Portugal está muito melhor documentada, e suas obras hoje se conservam em diversos museus e coleções privadas nacionais e estrangeiras.
Pintura medieval
Durante a primeira Idade Média há registros de que se produziu pinturas murais em igrejas e conventos, que não chegaram aos dias de hoje. A pintura desse período é representada apenas por alguns manuscritos iluminados produzidos em scriptoria dos mosteiros de Santa Cruz de Coimbra, São Mamede do Lorvão e Santa Maria de Alcobaça. Dentre eles se destacam o Apocalipse do Lorvão, o Livro das Aves e a Bíblia de Santa Cruz de Coimbra, todos realizados em torno do século XII.
Pela arte da iluminura se pode fazer uma idéia do que teriam sido os afrescos e retábulos medievais que o tempo destruiu, mas apenas como uma aproximação, já que a decoração de livros tinha cânones em alguns aspectos exclusivos a este gênero de pintura. As pinturas presentes nesses manuscritos empregam suas cores com fins simbólicos e ao mesmo tempo expressivos. A temática é quase sempre cristã, e quando trata de assunto profano, tem fins moralizantes. Essa iconografia reflete a arte típica da Península Ibérica no período Românico, que cristalizava uma variedade de influências diversas, temperando a tradição cristã com a herança figurativa pagã que sobrevivia através dos bestiários, com a arte hiberno-saxônica, visível nos intrincados entrelaçamentos de formas zoo e fitomórficas fantásticas, e com o estilo moçárabe, onde o arco mourisco é frequente no desenho das arquiteturas de fundo.
Gótico
A pintura gótica, uma das expressões da arte gótica, apareceu apenas em 1200 ou quase 50 anos depois do início da arquitectura e escultura góticas. A transição do românico para gótico é bastante imprecisa e não uma quebra definida, mas pode-se perceber o início de um estilo mais sombrio e emotivo que o do período anterior. Esta transição ocorre primeiro em Inglaterra e França cerca de 1200, na Alemanha cerca de 1220 e na Itália cerca de 1300.
A característica mais evidente da arte gótica é um naturalismo cada vez maior. Essa qualidade, que surge pela primeira vez na obra dos artistas italianos de fins do século XIII, marcou o estilo dominante na pintura européia até o término do século XV. O período gótico estendeu-se por mais de duzentos anos, surgindo na Itália e disseminando-se para o resto da Europa. Os italianos foram os primeiros a utilizar o termo gótico, indicando pejorativamente a arte que se produziu na Renascença tardia, mas que ainda seguia um estilo medieval. Era uma referência ao passado bárbaro, em especial aos godos. A palavra perdeu o tom depreciativo e passou a designar o período artístico entre o românico e o Renascimento. A arte gótica pertence sobretudo aos últimos três séculos da Idade Média.
A pintura (a representação de imagens numa superfície) durante o período gótico era praticada em quatro principais ofícios: afrescos, painéis, iluminura de manuscritos e vitrais. Os afrescos continuaram a ser utilizados como o principal ofício pictográfico narrativo nas paredes de igrejas no sul da Europa como continuação de antigas tradições cristãs e românicas. No norte, os vitrais foram os mais difundidos até ao século XV. A pintura de painéis começou na Itália no século XIII e espalhou-se pela Europa, tornando-se a forma dominante no século XV, ultrapassando mesmo os vitrais. A iluminura de manuscritos representa o mais completo registo da pintura gótica, fornecendo um registo de estilos em locais onde não sobreviveu nenhum outro trabalho. A pintura a óleo em lona não se tornou popular até aos séculos XV e XVI e foi um dos ofícios característicos da arte renascentista.
fonte by wikipédia