Portugal
A história de Portugal como nação europeia remonta à Baixa Idade Média, quando o condado Portucalense se autonomizou do reino de Leão. Contudo a história da presença humana no território correspondente a Portugal começou muito antes. A pré-história regista os primeiros hominídeos há cerca de 500 mil de anos. Em 29 a.C. o território era habitado por vários povos, quando entrou no domínio da história escrita com a invasão romana da península Ibérica. A romanização deixou marcas duradouras na língua, na lei e na religião. Com o declínio do Império Romano foi ocupado por povos germânicos e depois por árabes, enquanto os cristãos se recolhiam a norte, nas Astúrias. Em 1139, durante a reconquista cristã, foi fundado o reino de Portugal a partir do condado Portucalense, nascido entre os rios Minho e Douro. A estabilização das suas fronteiras em 1249 tornou Portugal o primeiro estado-nação europeu.1 Como pioneiro da exploração marítima na era dos descobrimentos, o reino de Portugal expandiu os seus territórios entre os séculos XV e XVI, estabelecendo o primeiro império global da história, com possessões em África, na América do Sul, na Ásia e na Oceania. Em 1580 uma crise de sucessão resultou na União Ibérica com Espanha. Sem autonomia para defender as suas posses ultramarinas face à ofensiva holandesa, o reino perdeu muita da sua riqueza e status. Em 1640 foi restaurada a independência sob a nova dinastia de Bragança. O terramoto de 1755 em Lisboa, as invasões espanhola e francesas, resultaram na instabilidade política e económica. Em 1820 uma revolta fez aprovar a primeira constituição portuguesa, iniciando a monarquia constitucional que enfrentou a perda da maior colónia, o Brasil e, no fim do século, a perda de estatuto de Portugal na chamada partilha de África. Uma revolução em 1910 depôs a monarquia, mas a primeira república portuguesa não conseguiu liquidar os problemas de um país imerso em conflito social, corrupção e confrontos com a Igreja. Um golpe de estado em 1926 deu lugar a uma ditadura. A partir de 1961 esta travou uma guerra colonial que se prolongou até 1974, quando uma revolta militar impôs a democracia. No ano seguinte, Portugal declarou a independência de todas as suas posses na África e, após um conturbado período revolucionário, entrou no caminho da democracia parlamentar. A partir de 1986 reforçou a modernização e a inserção no espaço europeu com a adesão à Comunidade Económica Europeia (CEE).
Historiografia
Os primeiros registos históricos no território correspondente a Portugal são anteriores à nacionalidade, como os de Paulo Orósio e Idácio de Chaves, que escreveram sobre os últimos anos do domínio romano e chegada das tribos germânicas. Na primeira metade do século X, no Al-Andalus, Muhammad Al-Razi redigiu a primeira história geral da Península Ibérica, divulgada nos reinos cristãos com o nome de Crónica do Mouro Rasis. Os testemunhos prosseguem na idade média com Pedro Afonso, conde de Barcelos e os cronistas Fernão Lopes, Gomes Eanes de Zurara e Rui de Pina entre outros, e multiplicam-se durante a expansão portuguesa através de autores como João de Barros, Fernão Lopes de Castanheda, Gaspar Correia e Damião de Góis. A compreensão de Portugal e da sua história é uma constante da historiografia portuguesa: as condições que tornaram possível a autonomização de Portugal e, depois, lhe permitiram construir e manter uma identidade na Península e no mundo são o cerne da análise, acentuada a partir do século XIX, de historiadores e pensadores como Alexandre Herculano, Oliveira Martins, Antero de Quental, Sampaio Bruno, Jaime Cortesão, António Sérgio e Joel Serrão, entre outros. A leitura da história de Portugal em termos de um ciclo de apogeu e queda, de potência mundial à irrelevância geopolítica, é uma leitura marcadamente oitocentista. Portugal tem, pela sua posição geográfica e características geomorfológicas, uma posição excêntrica relativamente à Europa. A posição atlântica, prolongada desde o século XV pelos dois arquipélagos dos Açores e o da Madeira, foi a chave da sua história e da sua identidade nacional: encravado entre um poderoso vizinho e o mar, os Portugueses souberam tirar partido da sua situação estratégica, quer construindo no mar um poderio militar, quer aliando-se à potência naval dominante (aliança inglesa), assegurando a sobrevivência face às pretensões hegemónicas das potências europeias. Escreve Veríssimo Serrão (História de Portugal, vol. 1): «em face de uma Espanha superior em dimensão cinco vezes, não houve milagre no caso português, mas somente a adequada integração dos seus naturais num quadro político que lhe assegurou a existência autónoma que qualquer periferia marítima amplamente favorece.»
fonte Wikipedia